quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

BAKUNINE E "O BANQUETE"

Regresso ao "Pinha Doce", do sr. Alberto, junto à estação de Vilar do Pinheiro. De facto, não nos devemos preocupar com coisas secundárias. Ou devemos, pura e simplesmente, secundarizá-las. O que importa é viver plenamente a vida. Com festa, com criação, com estudo. Nada de perder tempo com castradores, com opinadores vendidos, com lixo mediático. O que importa é gozar a vida. Desfrutá-la ao máximo. Também com momentos de solidão, de recolhimento, de reflexão. Mas na plena posse das nossas faculdades. Aliás, ir além, ir sempre além. Caminhar para o divino. Porque, de facto, não há limites. É absurdo que nos venham impor regras ou limites. Só seremos guiados pela nossa consciência. Ah, como acho ridículo o economismo desses políticos, a prisão dos números, dos gráficos, das estatísticas. Como acho isso assexuado, tão sem vida. De facto, depois de ler Nietzsche, Platão, Henry Miller vejo tanta gente tão perdida. Gente que não faz a mínima ideia do que isto é nem do que faz aqui. Limitam-se a deixar correr o tempo, a sofrer e a competir. Vida absurda. Vida estúpida. Olha, à falta de melhor, bebe-se. Ao contrário do que dizem as psicólogas, a bebida acende a alma e aguça a escrita. Aliás, não foi por acaso que Platão escreveu "O Banquete". Estou farto de moralismos. Aliás, estou farto de muita coisa. Estarei a inaugurar a filosofia ébria? No entanto, neste café ainda reina uma certa democracia, uma certa polis, não sei explicar. Já era assim há uns anos. E ainda se vêem umas miúdas bonitas. Bom, estamos nas nossas quintas. 
Prossigamos. Essas mulheres de sonho que se exibem na TV, nas revistas parecem distantes, querem os ricos e os poderosos, as vedetas, os futebolistas, parece que não apreciam a iluminação, a inteligência. Pelo menos por enquanto. Coitadas, também andam perdidas. É um mundo de cegos e de cegas, este. No fundo, estão na caverna de Platão. Ou nem isso. Nem sequer discutem as sombras. Coitados, estão cheios de dinheiro mas não passam de uns pobres ignorantes. Nunca lêem um livro. Não sabem o que perdem. E, olhai, que o apocalipse está próximo. Se não for através de tragédias naturais, grupos armados se levantarão. Destruir para construir, dizia o velho Bakunine. Até porque o capitalismo destrói a vida. Porque é que havemos de ser pacíficos? Sim, poderíamos ir pela via de Proudhon ou de Kropotkine, a via pacífica, construir federações de comunas livres. Mas sinceramente não sei. Estes gajos querem escravizar-nos e já escravizam muitos. Que humanidade devemos ter para quem não tem humanidade alguma? Filhos da puta. Não tenho pena nenhuma deles.

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