domingo, 6 de setembro de 2015

ESQUIZOFRENIA

Mesmo que não entenda certos textos mais herméticos sinto-me a caminho de fazer a síntese. Com efeito, creio que estou próximo de construir um sistema de ideias, uma filosofia própria. Esta mescla do pensamento, com os livros e com a realidade resulta nisso. Não escondo que na cidade as conversas são mais ricas e variadas, se bem que haja grupos fechados que impedem a comunhão, o diálogo com o desconhecido, a celebração. Parece-me até que estamos num estado de esquizofrenia, com crimes hediondos a torto e a direito, com a desumanidade com que são tratados os migrantes, com os media a fazer de nós atrasados mentais, com o Estado Islâmico a destruir tesouros da Humanidade, com os banqueiros, os agiotas, os especuladores, as grandes corporações, os políticos corruptos a facturar, com a depressão e o suicídio a aumentar a olhos vistos. Tudo isto é de loucos. Tudo isto tem que ser discutido na praça pública. O mundo é nosso. Não é deles. Temos de repensar o homem. De voltar ao início. Ao xamã que comunicava com os espíritos. Sim, existem espíritos em nós. Somos muito mais do que o quotidiano, do que o dinheiro, do que a compra e venda a que nos querem reduzir. Inventámos deuses. Somos também hybris, loucura. Procuramos o infinito e o céu na Terra. Eles é que querem roubar-nos os sonhos, reduzir-nos os horizontes. Transformar-nos em mercadorias. Eles é que querem roubar-nos a vida. Pois é pela vida que me bato. Pela vida enquanto festa, conhecimento, criação. Todavia, vejo ainda muita confusão nos meus semelhantes. Muitos ainda estão na caverna de Platão a comentar as sombras. Não questionam o trabalho, nem o dinheiro, nem o mercado. Vêem o capitalismo como uma inevitabilidade. Mas, enfim, como pensador, como poeta, compete-me esclarecê-los, entrar nas conversas, provocar. Uma parte importante deles já não terá salvação. Ainda assim insisto.

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