segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

AS COMUNAS LIVRES E O MUNDO NOSSO


Havia comunas livres na Europa, durante a Idade Média e no sec. XVI. Eram os movimentos hussistas e anabaptistas que, segundo Kropotkine, além de constituirem uma revolta contra os senhores, assumiam a rebelião completa contra o Estado e contra a Igreja, contra o direito romano e canónico em nome do cristianismo primitivo. Pregava-se a liberdade absoluta do indivíduo, que não deveria obedecer senão aos ditames da sua consciência, o anarquismo e o comunismo. Negava-se ao senhor a posse das terras e ao Estado o tributo pessoal ou em dinheiro. 
Sim, somos utópicos. Mas aquilo que defendemos já existiu. Há que actuar na educação e na cultura. Levar até às crianças, aos jovens e aos outros cidadãos o gosto de ler, de aprender, a sabedoria. As almas de escravos não podem contemplar a beleza, diz Agostinho da Silva. "O escravo é aquele (...) que não se pode libertar da miséria dos dias iguais", do tédio. Enquanto não nos emanciparmos, enquanto não fizermos uso do direito de pensar, de questionar, de sermos dignos, seremos escravos ao serviço da máquina do dinheiro, da castração e do mercado. Enquanto assistirmos a programas pimba e imbecis na TV, enquanto o futebol for uma religião, enquanto as telenovelas e as vedetas cor-de-rosa reinarem, nunca seremos livres e autónomos. Muitos de nós reduzem-se a macacos que comem, bebem, consomem e trabalham. Teremos de ser audazes, teremos de ir ao encontro das pessoas como Sócrates ou Jesus, teremos de provocar a discussão, teremos de transmitir os nossos conhecimentos. Interviremos no domínio da arte, da criação, da literatura, interviremos na política e na cultura, todos seremos filósofos no sentido de trazer as pessoas para a luz em vez das trevas, da banditagem e da corrupção capitalistas. Transmitiremos o amor e a virtude. Mostraremos como somos livres, como só dependemos da nossa consciência. Mostraremos que queremos o mundo de uma vez por todas.

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