terça-feira, 18 de março de 2014

ILUMINAÇÕES

Um homem lê na confeitaria. Afinal não sou o único. Afinal há alguém mais que se interessa pelas letras. Não é só a conversa da sobrevivência, da vidinha. Dizem que eu tenho de me soltar mais. Dizem que a poesia é superior à prosa. Enfim, continuo a ser essencialmente um poeta. Por outro lado, é claro que já me tenho soltado até demais. Hoje até acordei com iluminações. Sabes como é, a mente acelera. Tem sido a história da minha vida. Depressão ou euforia. Ora fico muito lento, quase paralisado, ora fico cheio de speed. Não penses que estou sempre contido, tímido. Eu já andei a partir os vidros dos carros, pensando que estava na Grécia. Eu já andei a incendiar. Já fui o mau da fita. Mas também já celebrei até ser dia. Já tive o ouro. Agora elogiais, de novo, os meus poemas. Estou aceso graças a vós. Sou, de novo, dionisíaco. O poeta da metamorfose. Rebento. Grito na confeitaria. Espeto palavras no papel. Glória! Glória! Tantas noites, tantos dias. Olha para mim no palco. Faço o público rir. Eu consigo ser o mais louco. Vinde delírios! Eu estou como Rimbaud. O céu na terra aqui. Eu ardo. Eu gozo. Eu vivo o infinito. Eu vivo em mim e dou-vos.

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