sábado, 14 de julho de 2012

SENHORES SEM ESCRAVOS

Porque não somos espontâneos como quando éramos crianças? Impuseram-nos regras, as necessárias e as não necessárias, começaram a adaptar-nos ao mercado, ao ganhar a vida, estrtagaram o que nós éramos. Alguns de nós, a dada altura, revoltamo-nos. Ouvimos certos discos, lemos certos livros, vimos certos filmes, conhecemos certas pessoas e chegámos à conclusão que a lógica disto está errada. Que o nosso pensamento, que o nosso espírito ultrapassa a prisão imposta pela economia. Claro que depois pagámos um preço. Dificilmente nos adaptaremos a determinado emprego. Dificilmente seremos aceites em determinados círculos. Mas, em contrapartida, somos livres. Quanto aos outros, cumprem a vida. Nascem, trabalham, morrem. Mesmo os seus lazeres são controlados. Não, de facto, não viemos para isto. Viemos para a celebração, para o amor, para a dádiva. Bebemos dos grandes. Vivemos poeticamente mesmo que estejamos deprimidos, tristes, abatidos. Amamos a vida, não a morte em vida. Escrevemos, pintamos, subimos ao palco. Não, não nos atireis a sociedade-espectáculo, não nos enganais com as imagens televisivas, com aqueles que supostamente vivem por nós a nossa vida. Nós estamos para lá. Nós abandonámos o vosso jogo, atirámos a bola fora. Por isso, resistimos. Por isso, seguimos a nossa via. Outros o fizeram no passado. Chamaram-lhes loucos, infames, malditos. Mas nós continuamos aqui. Vivemos o instante. Não aceitamos que nos imponham uma forma de vida. Não aceitamos pagar a vida. Não aceitamos que nos digam o que fazer. Não somos como vós. Não viemos para ser como vós. Somos senhores sem escravos. Renegámos os vossos deuses.

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