sexta-feira, 2 de março de 2012

A HISTÓRIA DA MINHA VIDA-PARTE I




Se não fossem os meus amigos Rui Soares e Jorge Pereira não teria seguido o mesmo caminho. No Liceu Sá de Miranda, em Braga, o Jorge deu-me a conhecer os Doors e outras músicas e o Rui mostrou-me a via da poesia. Lembro-me que já tínhamos conversas elevadas, a descer a Rua do Taxa, mais tarde a vir do Alberto Sampaio, sobre a liberdade, sobre o sentido da vida. Depois, no 12º ano, comecei a ler uns livros e a falar com umas colegas- até aí era muito tímido. Vi, pela primeira vez, o "Apocalipse Now" de Coppola, com o "The End" dos Doors e o Marlon Brando naquele papel genial de xamã. Comecei a soltar-me. Eram só três aulas por dia: Matemática, Geografia e Inglês. Foi o ano em que tirei melhores notas. Veio a primeira namorada, a Fátima, que era de Vila Verde. Depois veio o princípio da maldição da Faculdade de Economia do Porto. A urgência de voltar para Braga. As saídas à noite. A Natércia. Os concertos dos Xutos, dos GNR, dos Mão Morta. A experiência da Rádio Clube do Minho. O Alexandre Praça, o Luís Sousa, o Paulo Barreto. Os UHF. As bebedeiras. Os Joy Division.
Depois a casa da Rua Nova de Santa Cruz só para mim. As festas. A depressão no Porto. O rejeitar definitivo da contabilidade e da finança. O levar o "Assim Falava Zaratustra" de Nietzsche para as aulas. Os chumbos. Ainda o Jorge e o Rui. A paixão pela Catarina. O primeiro livro com o Rui Soares, "Gritos. Murmúrios". As apresentações e actuações no Tuaregue, na Casa dos Crivos. O Deslize. Os primeiros bons poemas. A mudança para a Faculdade de Letras, para Sociologia. O entusiamo inicial, as boas notas no primeiro ano. Depois o Jaime Lousa, a Fátima, os Ébrios, o ovo, o Feira Nova. Acreditava que estava a fazer a revolução. Depois a queda. Os meses a comprimidos, dose cavalar. A inércia, a grande depressão. O Zé António. O PSR. As leituras de Marx, Trostky, Lenine, dos anarquistas. O voltar sempre a Braga. A Goreti no Deslize que mudou para sempre a minha vida. O amor sem limites. A casa da Rua Nova de Santa Cruz até 95. O ser candidato a deputado e mandatário pelo PSR. A Paulinha da mini-saia no Astória.
Agora estou aqui, 16 anos depois. Tomei opções erradas mas a partir dos 17 segui uma via. Dionisíaca, talvez. Não me arrependo. Escrevo com mais facilidade do que escrevia. Apesar das grandes depressões e dos dias vazios, e também por causa deles, tenho tido uma preenchida, repleta de filmes. Há coisas que não quero voltar a provar. Neste momento, quero interpretar os grandes.

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