sábado, 24 de setembro de 2011

A ARTE DE VIVER


A arte de viver, eis o essencial. Neste momento, não posso viver plenamente porque o olho esquerdo está vermelho e não o posso forçar. De qualquer modo, ainda posso expressar as minhas ideias e trocar impressões com os empregados do "Guarda-Sol". Expressar ideias, cultivar-se e trocar opiniões, eis três aspectos fundamentais da arte de viver. Não é apenas o activismo, é o facto de estar à mesa, beber um copo e trocar impressões. Ouvir os outros que mostram preocupação pela evolução catastrófica da sociedade, eis outro aspecto a ter em conta. Mas estaria sem dúvida melhor se pudesse ler à vontade a "Carta a Louis Pauwels sobre as Pessoas Inquietas..." de Paul Sérant. Porque também estou inquieto. Porque sou um homem que se preocupa com a sua felicidade e com a dos outros. Mas o mundo de hoje afasta a felicidade dos homens, da esmagadora maioria dos homens. Uns porque, como diz Nietzsche, apenas se dedicam à sobrevivência e ao sustento, outros porque são exigentes mas todos os dias são atacados pela máquina de propaganda capitalista. É difícil assim conduzir a arte de viver, a menos que nos tornemos loucos. Recomendo ainda assim o máximo de folia com amigos e amigas, o filosofar espontâneo, a convivência com os mestres e com aqueles que nos ensinam alguma coisa. Se o conseguirmos, já estaremos a desafiar a máquina de propaganda e a ditadura dos mercados e da linguagem da economia.

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