quinta-feira, 19 de maio de 2011

O VERSO DOS MERCADOS


SECÇÃO: Cultura

Entrevista a António Pedro Ribeiro
por José Peixoto


O Verso dos Mercados

António Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em Maio de 1968, e vive em Vilar de Pinheiro, Vila do Conde. É licenciado em Sociologia, autor de oito livros de poesia, e agora tem o seu primeiro livro em prosa: “Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os mercados e outras conversas”. A 26 de Maio, no Teatro Campo Alegre do Porto, Pedro Ribeiro vai exibir o seu espectáculo poético, intitulado “se me pagares uma cerveja estás a financiar a revolução”. É candidato a deputado pelo PCTP/MRPP, pelo círculo eleitoral do Porto.


A Voz da Póvoa – Nietzsche, Jim Morrison e Henry Millerporquê?



António Pedro Ribeiro

A. Pedro Ribeiro – Podia acrescentar Jesus que é muitas vezes citado no livro. Tem a ver com esta sociedade, onde somos completamente controlados pelo FMI, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia. Somos uma espécie de marionetas nas mãos dos bancos. O livro não faz apenas a critica, procura ser positivo com os autores que vou citando, porque fala da vida pela vida, que não precisa da mercantilidade.


A.V.P. – Este é mais um livro onde há uma realidade que incomoda?


A.P.R. – Enquadra-se no tempo actual. Não é de poesia e não tem o tom satírico, da “Declaração de Amor ao Primeiro - Ministro”. É uma prosa poética com textos por vezes proféticos, mas que são de reflexão filosófica e sociológica, sobre a sociedade actual.


A.V.P. – Esta vertente da escrita está sempre a ser repisada nos palcos?


A.P.R. – Há um acompanhamento mais intenso nos últimos anos, com a “poesia de choque” no Clube Literário do Porto, no Pinguim ou no Púcaros. Embora distinga o acto da escrita, do acto de estar no palco ou a dizer poemas num bar. Quando escrevo sou aquele que observa.


A.V.P. – A sua escrita nasce da celebração dos lugares da boémia?


A.P.R. – Uma parte vem do pensamento, que também é influenciado pelo que faço na rua ou no bar. Tenho essa escola da noite, dos bares, da celebração. Se bem que, às vezes, a noite pode ser um tédio com o céu e o inferno juntos. Estar no bar até de manhã tem essa vivência, mulheres, bêbados que falam contigo. Tudo isto pode ser criticável, mas as pessoas que vivem casa trabalho casa, não vivem.


A.V.P. – O essencial deste livro é transmitir é uma ideia de vida?


A.P.R. – É uma longa história inspirada no grito do Jim Morrison, “cremos o mundo e exigimo-lo agora”. Quer contribuir para a construção do homem criador, aquele que dança, que canta, que se passeia na corda bamba do devir, que volta a ser a criança sábia, onde tu és uma espécie de mestre. No entanto voltas a uma certa inocência, à pureza da infância. Porque a vida é exuberância, prazer e descoberta.


A.V.P. – É o poeta ou o homem que aparece na listas do MRPP?


A.P.R. – Embora não concorde com todas as posições, o partido tem um discurso anti-capitalista e defende a revolução social. A solução passa claramente pela rua, como se tem visto no Egipto, na Tunísia ou na Síria. O MRPP está nessa linha de pensamento.

www.vozdapovoa.com

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