quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

CANTO DOIDO

O caminho da solidão e da loucura. É por aí que tenho seguido. Por muito doloroso que seja. É esse também o caminho da sabedoria. Há uma luz, ao longe, que me guia. Uma voz que me chama. Desde a mais tenra infância que me distingo dos outros. Desde a mais tenra infância que mantenho monólogos comigo mesmo, mundos interiores. Têm sido esses monólogos, esses mundos interiores que me têm mantido vivo. Estou só na "Motina" neste final de tarde. Mas há qualquer coisa que me empurra. As palavras duras e ternas do padre Mário. A sabedoria de Nietzsche e Henry Miller. A memória do meu pai. Tudo isso faz de mim mais forte, mais humano. "Humano, Demasiado Humano". E é este o caminho que devo seguir. Não há que ser niilista ou pessimista. É o meu caminho. O caminho da solidão e da loucura. O caminho da criação e da loucura. É só que crio, que invento mundos, estradas, personagens. "A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria", escreveu William Blake. É por aí que eu vou. Não tenho limites. Não tenho fronteiras. Canto o meu canto doido às sete da tarde na "Motina". Canto o meu canto doido na aldeia deserta. Canto o meu canto doido e ainda te espero. Canto o meu canto doido e estou para lá disto tudo. Canto o meu canto doido e estou para lá de vós todos. Canto o meu canto doido e amo a minha loucura. Canto o meu canto doido na estrada da solidão. Canto o meu canto doido e vou até ao fim. Canto o meu canto doido e estou para lá de todos os limites. Canto o meu canto doido e tudo é pequeno diante da minha loucura.

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