sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O POETA TEM DE FALAR AOS ANJOS


Agora compreendo. Temos de celebrar a mulher. A mulher livre. Por isso tantas vezes a provocámos. A mulher sagrada. Como Maria Madalena. Que nos dá à luz e nos dá a luz. Que nos dá o amor. O sagrado feminino tem sido espezinhado ao longo dos tempos pelas Igrejas, pelos poderes. Só assim se explicam tantas guerras, tanta ganância, tanta luta pelo poder. A revolução anarquista e surrealista passa pelas mulheres. Daí o endeusamento da mulher feito pelos surrealistas. As mulheres têm um poder de que nem sempre têm consciência. O poder de criar vida, o poder de dar o amor. Sim, agora compreendo. Não pode haver contradição entre o amor e a revolução. Amamos as mulheres. Dissemos, escrevemos aquelas palavras, aqueles palavrões, só para as provocar, para as despertar.
É uma bênção olhar para a mulher amada, para a mulher que passa. É uma bênção sermos abençoados pelo sol. Mas a mulher tem de ter noção do quão abençoada é. Eis uma das missões do poeta. O poeta está cá para cantar a mulher, a beleza da mulher. O poeta está cá para derrubar o capitalismo mas ao fazê-lo deve celebrar a mulher. O poeta não pode ter um discurso puramente político, puramente marxista ou anarquista social. Olha o anjo que entrou. O poeta tem de falar aos anjos. O poeta tem de voltar aos 16 anos quando falava de paz, amor e anjos. O poeta tem de ser a criança sábia. O poeta nada tem a ver com o primeiro-ministro nem com os poderes. O poeta fala outra linguagem. O poeta anda sempre em busca do Graal. O poeta não vive no mundo dos políticos nem dos empresários, nem dos financeiros, nem dos bolsistas. O poeta torna-se naquele que é. O poeta é livre. O poeta quer a mulher livre. O poeta quer o homem livre. O poeta é a própria liberdade. O poeta quer a união sagrada.

2 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

o poeta quer sexo.

esqueceste-te do ponto crucial. do x da questão.

csd

A. Pedro Ribeiro disse...

não se pode estar sempre a falar de sexo.