sexta-feira, 30 de outubro de 2009

FRATERNIDADE


Ao Joaquim Castro Caldas
Ao Jaime Lousa
Ao Sebastião Alba

Mais um dia
mais um café
escrever é o meu ofício
e escrevo com o meu próprio sangue
acredito nas minhas palavras
acredito nas minhas palavras, ouviste?
Tenho convicções
não abdico delas
já tive as minhas desilusões políticas
já não tenho aquelas certezas
mas continuo a ter convicções
acredito no homem
acredito no homem enquanto criador
apesar de tudo
apesar da rapina e da competição
acredito também no amor
no amor que une a mãe à criança
no amor que não se paga
no amor livre e gratuito
no amor infinito
no amor
sim, no amor
apesar de estar com a raiva toda
falo do amor
o amor é uma espécie de divindade
o amor é um gajo esfarrapado,
como dizia Sócrates,
um gajo teso que caminha pela cidade
sem ter onde dormir
um gajo sábio sem eira nem beira
como o Jaime e como o Alba
o gajo que te dirige a palavra
e te quer
que apanha bebedeiras
e cospe poemas
como o Joaquim
que é terno sem deixar de ser narciso
que tira o som ao primeiro-ministro
que pergunta pela tua loucura
que te saúda na rua
que diz que a tua performance foi brilhante
é isso o amor
a fraternidade
o encontro dos criadores
e fica para sempre.

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