segunda-feira, 15 de junho de 2009

SÍNTESE


Não me digas que esta tarde vai ser daquelas
em que produzo poema atrás de poema
os meus livros na Feira do Livro-
quase ninguém os compra
mas eu continuo a escrever
sei que vou ter leitores
sou uma espécie de fábrica da poesia
produzo poemas em doses industriais
isto sem cair na poesia "fast-food"
deveria ganhar a vida com isto
mas o que é isso, ganhar a vida?
A vida está ganha
hoje estou a ganhar a vida
a vida vem ter comigo
a vida vem no poema
hoje todos os mestres estão em mim
todos os livros que li,
todas as experiências por que passei
estão em mim
hoje faço a síntese
volto a fazer a síntese
sou um poeta
é isso que sou
profissão: poeta
não tenho de ter problemas em dizê-lo
nasci para isto
vivo como poeta
amo como poeta
bebo como poeta
não tenho que ser funcionário ou empregado
de coisa nenhuma
esta é a minha vida
e hoje está a ser um dia triunfal
escrevo em triunfo
amo o papel e a caneta
depois passo para o blogue
mas quase sempre há o papel e a caneta
há esta relação mágica
é isto a criação:
a mão, o papel e a caneta
e isto ninguém me tira
e a rádio até passa os Clash
"Police on my Back"
nem de propósito
a liberdade contra os polícias
o grito da liberdade
a liberdade da criação.

Vilar do Pinheiro, "Motina", 15.6.2009

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