domingo, 7 de dezembro de 2008

PELA VIDA


Venho à confeitaria convencido de que sou um génio, convencido de que estou próximo de escrever a obra imortal. Leio um texto sobre o poeta Heinrich Heine. Já Heine dizia que o dinheiro era o deus. Já Heine dizia que a arte e a imprensa se submetiam cada vez mais às exigências mesquinhas do capital (1). Manoel de Oliveira diz, num jornal, que "a arte não tem qualquer finalidade útil, mas uma função muito particular, que é a do ensino da condição humana". De facto, o utilitarismo é inimigo da criação. É importante que os meus textos sejam lidos mas mais importante é que sejam bons, que reflictam a condição humana, que incomodem, como disse alguém. Não me adaptei à vidinha, à vida dita prática. Só posso sobressair enquanto criador, enquanto arauto da revolta mas não a revolta meramente política- a revolta dos partidos e dos sindicatos- e sim a revolta criadora, vital, total, que exige a Vida no sentido nietzscheano. É pela vida, pela condição humana que nós lutámos. Não nos ficamos por aumentos salariais ou melhorias sectoriais. Não estamos interessados nos queixumes do rebanho, nas "verdades" do senso comum. Queremos altura!
"Aquele que deitou encantamento sobre a paixão/ e do sofrimento retirou irresistível eloquência.../ Soube, contudo, como tornar bela a loucura/ e lançar sobre acções e pensamentos errados um matiz divino!" (Lord Byron)
Altura! Voar na confeitaria! Voar sobre galões e torradas! Ser um nobre de ideias. O capital e o mercado são inimigos de toda a grandeza. O capital, o mercado e o trabalho matam a vida, a exuberância dos sentidos, a eloquência. Para atingir a divindade é preciso ser louco, já dizia Nietzsche. Sejamos então loucos! Vivamos afastados da prudência, da moral cristã, da sobrevivência! Façamos da vida uma criação permanente, um banquete, uma festa. Dancemos na cara deles. Apanhemos grandes pielas, mandemos foder a moderação. Deixemo-los entregues ao sacrifício, ao trabalho, ao tem que ser. GOzemos com esta merda! Queimemos as notas, queimemos o deus deles! Deboche, deboche permanente! Orgias em todo o lado! Que reine Dionisos!

(1)-Marcelo Backes, "Heinrich Heine, Crítico do Capital".

3 comentários:

Claudia Sousa Dias disse...

e o título do próximo poema é...

...orgia na confeitaria!

Acertei?


CSD

A. Pedro Ribeiro disse...

pode ser, pode ser...

Claudia Sousa Dias disse...

:-)


ahahah...!


tem tudo a ver...


CSd