quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

JIM MORRISON







JIM MORRISON, PROFETA DA REVOLTA


Jim Morrison, o poeta/cantor dos Doors. Fascina-me desde os 16/17 anos. Nessa altura do liceu ouvia muito os Pink Floyd. Conhecia as letras subversivas do Roger Waters, as críticas mordazes à Thatcher e ao sistema. Mas quando um amigo meu me emprestou o disco “Strange Days” e a longa canção “When The Music’s Over” houve uma explosão. Tem piada que à primeira audição estranhei a coisa. Mas depois, bem depois havia aquele órgão e aquela bateria e o Jim cantava: “estamos fartos de tantos rodeios/ fartos de esperar com o ouvido colado ao chão/ queremos o mundo e exigimo-lo… AGORA!” Todas as infâncias, todas as antigas convicções, todas as missas, todos os preconceitos acabavam ali. Quando o Jim Morrison gritou “NOW!” eu tornava-me outro. Não há aqui misticismos baratos. É aquela urgência de quem não pode esperar mais. Tem de ser “agora” ou então está tudo perdido. Terminou o tempo das “risadas” e das “doces mentiras”, como diz o outro épico dos Doors, “The End”, que esteve na base do “Apocalipse Now” de Coppola. Tem piada que as palavras proféticas de Morrison voltam agora a fazer todo o sentido com as revoltas na Grécia. É uma revolta que ultrapassa os sindicatos e os partidos, uma revolta com pedras e “cocktails molotov” que não se limita à exigência do derrube de um governo, uma revolta de raiva que põe tudo em causa, uma revolta sem negociações, uma revolta morrisoniana, daqueles que estão “fartos de tantos rodeios”, que exigem nada mais, nada menos do que o próprio mundo.

A postura de Jim Morrison em palco ajuda à lenda. Os concertos dos Doors eram celebrações dionisíacas, num terreno nietzscheano que transcende o bem e o mal. Jim Morrison era o xamã que provocava o público até à loucura. Havia mulheres que se despiam, que tiravam os soutiens, que dançavam como nos antigos bacanais. Jim também era Dionisos com a ajuda do álcool e de outras drogas, era o “deus” que achava os “hippies” e o “flower power” ingénuos, que falava do amor no meio do caos, que dizia aos jovens que não passavam de escravos que faziam tudo o que lhes mandavam fazer.