quinta-feira, 25 de setembro de 2008

APENAS TRAIÇÕES?

Teses ao XVIII Congresso
PCP fala em “traição de dirigentes” na derrota da URSS
25.09.2008 - 11h07 São José Almeida
A “traição de altos responsáveis do partido e do Estado” é um dos motivos apontados para a “derrota” do socialismo na União Soviética de acordo com as Teses ao XVIII Congresso do PCP que hoje são divulgadas com o jornal partidário “Avante!”.

Em fase de discussão, para posterior aprovação pelo congresso, e susceptíveis de sofrer alterações, as Teses afirmam a necessidade e a certeza de que o futuro passa pelo socialismo e pelo comunismo. É nesse âmbito que é abordada a análise do que se passou nas décadas de 80 e 90 na União Soviética e nos países de Leste, que levou ao que a direcção do PCP caracteriza como “derrota” do socialismo.

Assim, no ponto O socialismo, alternativa necessária e possível pode ler-se, na página 15: “Perante os complexos problemas que se manifestaram na construção do socialismo na URSS, assim como noutros países do Leste da Europa, o PCP expressou compreensão e solidariedade para com os esforços e orientações que proclamavam visar a sua superação, alertando simultaneamente para o desenvolvimento de forças anti-socialistas e para a escalada de ingerências imperialistas, confiando em que existiam forças capazes de defender o poder e as conquistas dos trabalhadores e promover a necessária renovação socialista da sociedade. Mas certas medidas tomadas agravaram os problemas ao ponto de provocar uma crise geral. O abandono de posições de classe e de uma estreita ligação com os trabalhadores, a claudicação diante das pressões e chantagens do imperialismo, a penetração em profundidade da ideologia social-democrata, a rejeição do heróico património histórico dos comunistas, a traição de altos responsáveis do partido e do Estado, desorientaram e desarmaram os comunistas e as massas para a defesa do socialismo, possibilitando o rápido desenvolvimento e triunfo da contra-revolução com a reconstituição do capitalismo”.

Considerando “a caminhada da humanidade para o socialismo e o comunismo sofreu profundos reveses no findar do século com a destruição da URSS e as derrotas do socialismo no Leste da Europa”, a direcção do PCP garante que o que foi derrotado não foram os ideais e o projecto comunistas, mas um 'modelo' historicamente configurado, que se afastou, e entrou mesmo em contradição com características fundamentais de uma sociedade socialista”.

Refira-se que, na análise da situação internacional, as Teses dizem que “importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à 'nova ordem' imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e RDP da Coreia”.

E sublinham que entre os partidos comunistas “continuam a desenvolver-se tendências revisionistas e reformistas envolvendo processos de degenerescência, autoliquidação e diluição em frentismos de 'esquerda', com o abandono das referências ideológicas e objectivos revolucionários que definem os comunistas como corrente revolucionária”.

Garantido que “o Partido da Esquerda Europeia, que o PCP não integrou pela sua lógica supranacional e natureza ideológica, não só se confirmou como uma falsa resposta ao reconhecidamente do necessário reforço da cooperação das forças de esquerda anticapitalistas na Europa, como introduziu factores de divisão, afastamento e preconceito, que se manifestaram nomeadamente no Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica no Parlamento Europeu.”

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