sábado, 26 de julho de 2008


Pronto, estou outra vez em baixo. Não consigo estar sempre alegre nem a falar sempre alegremente com toda a gente como os outros imbecis. Passei a tarde na cama porque a vida não me chama. Nem sequer estou com o pedal de há dias quando escrevia longos textos de um jorro. Sei que a sociedade espectacular mercantil nos reduz à condição de espectadores e de mercadorias. Não quero ser espectador! Não quero ser mercadoria! Não quero morrer de tédio! Quero criar, dançar, vomitar poemas. Quero sentir o cérebro a correr, a fervilhar de ideias.
Sei que a sociedade espectacular mercantil conduz à depressão. Outros singram sob o capitalismo, levam uma vida estável, “útil”, de dinheiro, trabalho e tédio. Há anos que compreendi que não fui feito para isso. Há anos que compreendi que a vida não se pode resumir a uma fórmula única e irreversível. Aprendi com os situacionistas que a verdadeira vida está para lá da economia. Frequentei uma Faculdade de Economia e tripei. Passei a odiar os gráficos e as contas. Era bom aluno a Matemática e não pude mais ver números à minha frente.
Sinto-me melhor quando bebo cerveja e digo poemas. Não sei explicar. Recupero a chama. Mas isso não me impede de detestar certos intelectuais direitinhos. Não estou sempre alegre mas tenho o sentido do gozo, da volúpia, da celebração, da festa. Venho dos rituais xamãnicos, de Dionisos. Não suporto a racionalidade nem os intelectuais racionais. A morte mata-me.
A maior parte das conversas quotidianas entediam-me. A maior parte das pessoas levam uma vida estúpida. Não quero uma vida estúpida! Não quero anjos e santos! Não quero apodrecer de tédio na aldeia!

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