sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008


Sou um poeta
escrevo
canto
danço

sou um poeta
um enviado dos céus
que quer restabelecer
a idade do ouro
o uno primordial

sou um poeta
um espírito livre
sou Dionisos

A SOCIEDADE DA CRIAÇÃO


Vivemos numa sociedade em que o dinheiro é Deus, uma sociedade de mercadores, de especuladores, onde somos reduzidos à condição de mercadorias que se trocam no mercado global. A organização social capitalista conduz a que aqueles que são explorados se guerreiem uns com os outros, se invejem, se entreguem à competição desenfreada e a que adoptem uma atitude derrorista face à transformação da sociedade.
À sociedade da morte devemos opor, como propõe Raoul Vaneigen, uma sociedade que exalte a vida. Uma sociedade assente no humanitarismo e no desejo, no amor e não no ódio, que acabe com o dinheiro e com o mercado. Uma sociedade assente na criação poética que vá de encontro à idade do ouro em que a vida era, nas palavras de Rimbaud, "um banquete em que todos os corações se abriam e em que todos os vinhos corriam". E acrescenta Henry Miller: "não há alegria comparável à do criador, do poeta, porque a criação não tem outra finalidade para além de si própria". E esse poeta é um xamã, um feiticeiro dionisíaco que canta e dança, que faz da arte uma festa e que torna ridícula a sociedade capitalista.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008


Não vim ao mundo para trabalhar
vim ao mundo para espalhar a Boa Nova
não de Deus nem de Jesus
mas do Homem
do Super-homem
dionisíaco
xamãnico
sem preconceitos
sem dinheiro
criador

O homem que não é lucro
que não é mercador
o novo homem
não-violento
não-predador
o homem novo
o Amor.

'Um Poeta a Mijar' na Centésima Página
“O futebol dá de comer a 10 milhões de portugueses.” Começa, assim, o livro de poesia de António Pedro Ribeiro, “Um Poeta a Mijar”. A apresentação decorreu na livraria Centésima Página na sexta, 15 de Fevereiro, pelas 18h30.


Apresentação do livro 'Um poeta a mijar'. Foto: Catarina Dias
A sessão partiu do lamento da falta de comparência do público a eventos culturais por parte de Rui Lage, que principiou a apresentação. E é pela crítica que se rege parte do livro de A. Pedro Ribeiro. O primeiro poema, “Futebol dada”, recusa a separação entre o poeta e a poesia com o mundo. A alusão ao mundo do futebol ridiculariza o absurdo e vazio das sociedades ocidentais, em que os portugueses surgem como personagem colectiva preenchida pela bola, televisão e euro milhões.

A escrita provém de três linhas de força: a linha iconoclasta, a irónica e a dionísiaca, na qual o lado mais banal das coisas é aliado a uma veia mais xamanística, explicou Rui Lage. O olhar do autor sobre o quotidiano é puramente céptico. Com ele, prosseguiu Lage, analisa a sua condição existencial, de poeta, e o contexto físico em que se encontra.

O poema de título igual ao do livro, “Um Poeta a Mijar”, reafirma a humanidade do poeta, “como se este saísse do palco no intervalo de um espectáculo e fosse à casa de banho, sítio onde somos todos iguais”, como afirmou Rui Lage.

Ao longo da obra é visível, segundo o ‘apresentador’, o encadeamento rítmico e melódico dos versos, claramente pensado. Esta noção de ritmo provém do historial de declamações do autor, que alia o rock e o canto à spoken word. No final da apresentação, o poeta leu alguns dos poemas presentes em “Um Poeta a Mijar”.

António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em 1968 e viveu em Braga. Licenciou-se em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Actualmente reside em Vila do Conde. É fundador da revista Aguasfurtadas, vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas.



17/02/2008
Catarina Martins

in ComUM, jornal dos alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

UM POETA A MIJAR


O poema que inaugura o livro "Um Poeta a Mijar" de A. Pedro Ribeiro, "Futebol-Dada", é exemplar no modo como afirma o nervo mais socialmente consciente do poeta, aquele que recusa o divórcio entre o poeta e o mundo. O verso de abertura é todo um programa: "o futebol dá de comer a 10 milhões de portugueses". Só a economia e a síntese poética permitem (ou, se quisermos, o uso poético da linguagem) diagnósticos tão breves e certeiros. Revela-nos este poema todo o absurdo das sociedades modernas ocidentais e do vazio em que se transformou o nosso quotidiano. A inversão torrencial de sujeitos e complementos e a declinação dos verbos em cascata- nomeadamente "comer"- parece reduzir os portugueses, aqui entidade colectiva, indiferenciada e indiferente, a uma bola de "pinball" em permanente ricochete entre o futebol, a televisão, o euromilhões, o domingo e o Cavaco que, cito, "seduziu os portgueses e aderiu ao dadaísmo. Dir-se-ia que Portugal inteiro aderiu ao dadaísmo, que é um país dada- ou gagá. Este poema circular e autofágico, que faz a ligação aos poemas mais "politizados" de A. Pedro Ribeiro, dá-nos o retrato de um povo que, se fosse um peixe, seria não o proverbial bacalhau, ou o cherne de O' Neill, mas sim uma pescada: melhor, uma "pescadinha" de rabo-na-boca.

Rui Lage

Estou no "Piolho"
e lá fora estão a gravar para a televisão
o empregado traz-me o fino
e eu recomeço a canção

Há vozes em mim
que me chamam
vozes em mim
que me indicam o caminho
vozes que me dizem
que sou Deus
que consigo mudar
o curso do mundo

Sem ódios
um mundo sem medos
um mundo sem dinheiro.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008


Um café a meio da tarde
faço os possíveis para me manter
sereno
porque, na verdade, apetece-me gritar
não, ainda não caí
em desgraça
ainda me resta algum alento.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008


Quero escrever um poema louco
que rebente com a apatia
que mate a solidão
um poema ébrio
que me cure
e me faça dançar
um poema maldito
que assuste as velhas
um poema assassino
que espete a faca
um poema livre
que rasgue os céus
um poema grito
que chegue a Deus.
Sem noitadas nem sessões de poesia
regresso à confeitaria.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008


Os notáveis de Vila do Conde
já desaguaram à minha mesa
o Pátio esvazia-se ao final da tarde

Trouxe Artaud e Apollinaire
da Biblioteca
a minha vida quase se resume à leitura
que se lixe!
Não me converti ao mercantilismo
nem à vidinha
podia ser mais sociável, é certo
distribuir sorrisos
dar-me com toda a gente
mas não sou hipócrita.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

POETA


POETA

Sou um poeta!
Pelos deuses,
Um poeta!
Não tenho de cair
Aos bocados
A cerveja dá-me ânimo
Não tenho de apodrecer
Na cama
Sou um poeta!
Merda!
Não posso esmorecer
Sou um poeta
Um vulcão adormecido
Que passa incógnito
Na aldeia
Sou um poeta
Os deuses deveriam estar
Do meu lado
Sou um poeta
A solidão é o caminho
Que conduz a mim mesmo
Sou um poeta
Trago luzes celebrações
Sou um poeta
Sofro
Esta merda dá cabo de mim
Não posso ceder
Não posso cair
Sou um poeta
Já não vou às noitadas
Nem às pedradas
Estou a envelhecer
Os amigos vêm
Mas desaparecem
Estou a ficar despalavrado
Mas o sangue rola
Os homens conversam
Acerca do tempo
Sou um poeta
Dionisíaco- dizem
Deveria estar em Braga
De café em café
A estoirar o cacau
Miúda do “Astória”
Que vinhas de mini-saia
Se calhar casaste
Tiveste filhos
Sinto a tua falta
Neste café ermo
De Vilar do Pinheiro
Onde os homens despejam
Cerveja ao balcão.

sábado, 16 de fevereiro de 2008


Só, no café, à hora do Telejornal
o primeiro-ministro é vaiado
e eu rejubilo de contentamento
afinal de contas, ainda estou
contra esta merda toda
afinal de contas, desconfio do povo,
da multidão, mas ainda acredito na revolução

Este primeiro-ministro
irrita-me profundamente
e cada apupo é um beijo de gaja boa
afinal de contas, o homem entra e sai e saúda-me
e o líder do PSD entra em cena
e irrita-me solenemente
Nem um nem o outro!
Nem um nem o outro nem nenhum!
Nem um só governo à face da Terra!
Festa! Celebração! Dionisos!
Beber até o sol nascer!

Porquê o choro?
Porquê ficar amarrado à cama, incapaz de enfrentar a rua?
Porquê não ir aos bares e arrastar-me pelos cafés da aldeia?
Porquê a solidão quando os amigos te amam?
Porquê a solidão quando tecem elogios públicos à tua obra e os jornais da tua terra reproduzem a tua vida?
Porquê ficar apático, anónimo, quando podes ser dionisíaco, xamânico, beatnick?
Porquê ficar calado quando podes ser sublime?
POrquê andar teso se podes ser um rei?
Porquê andar sóbrio se podes ficar ébrio?
Porquê andar controlado se podes estoirar?
Porquê a morte se tens a vida?
POrquê a resignação se tens a raiva?
POrquê a valsa se tens o rock n' roll?
Porquê o doente se podes ser mago, se podes ser poeta?
POrquê a normalidade se tens a loucura?
POrquê a amargura se tens a celebração?
Porquê acabar se podes renascer?
Porquê apodrecer se podes dançar?
POrquê o tédio se te podes emborrachar?
Porquê as trevas se podes chegar à luz?
POrquê os homens se podes chegar aos deuses?
Porquê a tristeza se podes chegar ao céu?
Porquê a imbecilidade se tens o infinito?
POrquê o sangue se tens o Amor?
Porquê a merda se tens o ouro?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

CRIAÇÃO E CASTRAÇÃO


CRIAÇÃO E CASTRAÇÃO

António Pedro Ribeiro

“Por poetas entendo aqui todos os que habitam nas regiões do espírito e da imaginação. É sua missão seduzir-nos, tornar intolerável este limitado mundo que nos aprisiona”, escreveu Henry Miller em “O Tempo dos Assassinos”. Os poetas, os grandes poetas são magos, emissários de um outro mundo, são “caminheiros do céu” que nos falam de coisas que hão-de vir e de coisas há muito passadas.

“O que pertence ao domínio do espírito, do eterno, escapa a toda e qualquer explicação. A linguagem do poeta corre paralelamente à voz interior quando esta se aproxima da infinitude do espírito”, prossegue Miller. Os poetas vêm do Uno Primordial de Nietzsche e de Dionisos, daquela idade áurea perdida em que a vida era, nas palavras de Arthur Rimbaud, “um banquete em que todos os corações se abriam e em que todos os vinhos corriam”. E continua o poeta das “Iluminações”: “Vamos fazer o Natal sobre a Terra…agora, já, estão-me a ouvir? Não queremos esperar por caramelos no céu!”, o que remete para o grito de Jim Morrison : “We Want The World And We WAnt it…Now!” (“When The Music’s Over”).

Criar é uma festa mas pressupõe a descida aos infernos. “Aprendi a minha profissão no inferno”, confessou Léo Ferré. “A estrada que conduz ao Céu passa pelo Inferno”, acrescenta Henry Miller. Mas não há alegria comparável à do criador, do poeta, porque a criação não tem outra finalidade para lá de si própria. E esse poeta é um criador, um xamã, um feiticeiro ébrio que canta, dança e ri, que faz da arte uma festa e que torna absurda a sociedade capitalista e castradora.

ARTAUD E VAN GOGH


Pois não foi para este mundo,
nunca foi para esta terra que
todos trabalhámos sempre,
lutámos,
bramimos de horror, fome, miséria,
ódio, escândalo e nojo,
fomos todos envenenados
apesar de todos termos sido
enfeitiçados por ela
e nos termos, enfim, suicidado
porque nem todos somos, como o
pobre deste mesmo Van Gogh, suicidados
da sociedade!
(Antonin Artaud, "Van Gogh, O Suicidado da Sociedade", Hiena Editora)

CAMINHEIROS DOS CÉUS


Caminheiros dos Céus, os poetas, e de que maneira! Não é verdade que nos falam de coisas que hão-de vir e de coisas há muito passadas? E que significado podemos atribuir à sua passagem fugidia pelo mundo senão o de que se trata de emissários de um outro mundo?
Por "poeta" entendo aqui todos os que habitam nas regiões do espírito e da imaginação. É sua missão seduzir-nos, tornar intolerável este limitado mundo que nos aprisiona.
Pedir ao poeta que fale a linguagem do homem comum, é como pedir ao profeta que esclareça as suas profecias. O que pertence ao domínio do espírito, do eterno, escapa a toda e qualquer explicação. A linguagem do poeta corre paralelamente à voz interior quando esta se aproxima da infinitude do espírito.
(Henry Miller, "O Tempo dos Assassinos", para Rimbaud)

O MAU DA FITA


Gajas boas na passerelle
mostram as mamas
mostram a pele

Crianças que choram
gajas que gramas
à espera do amigo que amas
do Conde Ferreira
hotel de Valença
Paredes de Coura

Sou o mau da fita
o gajo que grita na rua
que passa rasteiras
e parte montras
o matador do "Saloon"
que avança de pistola
porque esta merda
não me agrada

Ofereço livros
disparo tiros
saio dos trilhos
armo estrilhos
dentro dos bares

Afinal, é só uma questão
de mudar de ares.

Póvoa, Guarda-Sol, 5.3.2007

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

UM POETA A MIJAR


UM POETA A MIJAR NA CENTÉSIMA PÁGINA

O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 15 de Fevereiro, sexta, pelas 18,30 horas (e não às 23,30) na livraria "Centésima Página" em Braga. O evento conta com a presença do autor e do crítico literário Rui Lage.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


As mulheres vêm à confeitaria
queixar-se da vida
e eu escrevo poemas

Vêm ter comigo falar de Platão
e do destino da humanidade
e eu permaneço na esplanada
calado
à espera da dama.

Apesar de isto ser um descampado
Ela disse: Eu deixei a droga quando descobri Deus.
Ele respondeu: Eu deixei Deus quando descobri este hotel onde uma vez pernoitou o Rei de Inglaterra.

José Pedro Barbosa

UM POETA A MIJAR NA CENTÉSIMA PÁGINA


O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 15 de Fevereiro, sexta, pelas 23,30 horas na livraria "Centésima Página" em Braga. O evento conta com a presença do autor e do crítico literário Rui Lage.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, onde frequentou os liceus Sá de Miranda e Alberto Sampaio, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

domingo, 10 de fevereiro de 2008


Os homens falam e falam de futebol
e eu recomeço
reacendo-me
sou o homem que fica à mesa
e bebe cerveja
sou o homem que flipa da mona
e bebe cerveja
sou o homem que bebe cerveja
e bebe cerveja.

Ás vezes enlouqueço
de ficar à mesa

os homens falam de futebol
como sempre
e eu bebo cerveja
a minha vida não é aqui
é dentro de mim


à mesa
enlouqueço.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008


Um café na confeitaria
acabo de reler um livro genial
"O Tempo dos Assassinos" de Henry Miller
sobre Rimbaud
a vida interior
o espírito
os "caminheiros do Céu"
a criação.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

XAMÃS


ver http://xamachama.blogspot.com
www.myspace.com/manacalorica

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

HENRY MILLER PARA RIMBAUD


Este Deus, que é força do homem, não é nem o deus dos cristãos, nem um deus pagão. É apenas Deus. É acessível a todos os homens, de todas as raças, de todas as castas, de todas as culturas. Esse Deus é a própria Criação e continuará a existir quer o homem queira quer não.
Mas quanto mais criativo for o homem mais certeza poderá ter de vir a reconhecer o seu Criador.
O homem nada cria por si próprio e a partir de si próprio. Tudo está criado, tudo foi previsto...e contudo subsiste a liberdade. Liberdade para entoar os cânticos de louvor a Deus. Esta é a realização mais elevada que o homem pode conseguir e quando assim age pode tomar o seu lugar ao lado do Criador.
(Henry Miller, "Tempo dos Assassinos")

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008


Possuído por Deus
ergo cidades.

PSSL


Por uma terra sem amos, por um mundo sem tédio, assim se define o Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL), em processo de legalização. Rejeitamos uma sociedade em que o mercado tudo comanda, em que o homem é reduzido à condição de mercadoria, em que o tédio, o sofrimento e a depressão imperam. Rejeitamos o capitalismo e o Estado e defendemos o terrorismo poético como arma de resistência e de ridicularização do instituído. Contra o absurdo, sejamos absurdos.
Rejeitamos a sociedade-espectáculo. Façamos nós o nosso próprio espectáculo. Sejamos dionisíacos e nietzscheanos em busca do espírito livre, do Uno Primordial. Por uma terra sem amos, por um mundo sem tédio.

JUSTIÇA, legalize-se o PSSL

PS e PSD dispostos a alterar a lei; PCP e BE de acordo
Tribunal Constitucional suspende processo para verificar número de militantes dos partidos
04.02.2008 - 17h55 Lusa
O Tribunal Constitucional (TC) suspendeu hoje o processo de verificação do número mínimo de militantes dos partidos, depois da apresentação de um projecto que põe fim a essa obrigação, avançou o deputado Pedro Quartin Graça, dirigente do Movimento Partido da Terra (MPT) e deputado independente do PSD.

Quartin Graça afirmou que os autores do requerimento, MRPP e MPT, receberam hoje o acórdão do TC que suspende o processo que obrigava os partidos a provarem que tinham mais de cinco mil militantes, medida muito contestada pelos pequenos partidos.

Uma "decisão lógica e natural", comentou Quartin Graça, "tendo em conta que há um projecto de lei com vista a acabar com essa exigência legal".

O Tribunal Constitucional notificou em Dezembro de 2007 os partidos para que, no prazo de três meses, até Março de 2008, fizessem prova de que têm pelo menos cinco mil militantes, uma obrigação imposta pela lei dos partidos políticos aprovada em 2003.

Oito partidos com reduzida expressão eleitoral (PPM, MPT, PND, PNR, POUS, PCTP-MRPP, PDA e PH) protestaram e aprovaram um projecto conjunto que altera a regra que lhes impõe um mínimo de cinco mil militantes.

Os dois maiores partidos, PS e PSD, já anunciaram estar dispostos a rever a lei para que a existência dos partidos não dependa do número de militantes inscritos, intenção apoiada também pelo PCP e Bloco de Esquerda.

O projecto foi apresentado por Pedro Quartin Graça e Luís Carloto Marques, do MPT, e Nuno da Câmara Pereira, do PPM, que aproveitaram a condição de deputados independentes da bancada do PSD para apresentar o projecto de lei que recupera um antigo diploma apresentado pelo PS, em 2003.

De acordo com o texto do projecto, é eliminada a alínea b) do nº1 do artigo 18.º, que determina a extinção dos partidos no caso de "redução do número de filiados a menos de cinco mil", desaparecendo também o artigo 19.º, segundo o qual "o Tribunal Constitucional verifica regularmente, com a periodicidade máxima de cinco anos, o cumprimento do requisito do número mínimo de filiados".

”Uma medida que se impunha”
O líder do Partido Democrático do Atlântico (PDA) afirmou hoje que o Tribunal Constitucional (TC) tomou a "medida que se impunha" ao suspender a verificação do número mínimo de militantes dos partidos políticos.

"Esta era a medida que se impunha quando está em curso o processo para terminar com uma exigência legal inconstitucional", afirmou José Ventura, acrescentando não ter ficado, por isso, surpreendido.

Para José Ventura, que lidera o único partido com sede nos Açores e que tem cerca de 500 militantes, esta "foi apenas mais uma das batalhas ganhas pelos pequenos partidos, mas ainda falta ganhar a guerra".

in www.publico.clix.pt

UM POETA A MIJAR


"UM POETA A MIJAR" NO PÚCAROS

O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado no próximo dia 6 de Fevereiro, quarta, pelas 23,30 horas no bar Púcaros no Porto. O evento conta com a presença do autor, dos diseurs Luis Carvalho e Isaque Ferreira, do crítico Rui Manuel Amaral e do editor Ricardo de Pinho Teixeira.
"Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, Março de 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Pirata), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, Braga, 1988). "Um Poeta a Mijar" situa-se entre o Dada, o surrealismo e o beatnick, entre o místico e o maldito, entre a solidão e o quotidiano, entre o sexo e a noite, entre o palco e a loucura. "Um Poeta a Mijar" é o poeta, algo punk, algo niilista, que mija nas instituições e no estabelecido, na Igreja e no Estado, que já deixou de acreditar nos faróis, nas sociedades ideais e alternativas, nos partidos, na moral. É também o rocker que deambula pela cidade, pelos bares, pelos cafés e que sobe ao palco em busca do Graal, de Jim Morrison, de Dionisos, de Nietzsche, do Espírito Livre. Inclui poemas como "Futebol-Dada", "Borboletas", "Mamas 2", "A Ilíada no Velvet", "A Loucura", "Dá-me Uma Mulher", "Lúcifer", "Ode a Jim Morrison", "Dyonisos The King", "The King is Not Dead", "Satã Comeu a Cortesã", "Papa-Dada", "Entre a Merda e o Ouro", "Maldoror, Meu Amor", "Prior de Sion" e "Sapataria Tony".
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968. Viveu em Braga, Trofa e Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e vocalista das bandas Mana Calórica e Las Tequillas. Diz regularmente poesia há 20 anos, tendo actuado em Agosto de 2006 no Festival de Paredes de Coura ao lado de Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta) e em Setembro de 2007 no Festival de Poesia do Condado em Salvaterra do Minho. Em 2004 e 2005 alguns orgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária e pelo Partido Surrealista Situacionista Libertário.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

MANA CALÓRICA


FACA

A Europa
a quinze cêntimos no chão
a palavra
noite de Satã
andar à toa
por Lisboa
até às sete da manhã
aos gritos
aos tostões
como Rimbaud
como Nietzsche

Dançar com a lua
provocar a rua
espetar a faca
faca
fada
fada que mata
faca
fada
motherfucker

E depois
o beijo
roto
sem preço
no autocarro

Dançar com a lua...


PRIMEIRO-MINISTRO

Quero um primeiro-ministro
para comer ao pequeno-almoço
quero um trabalho
para mandar para o caralho
quero um défice
para meter no cu

Eu não quero ser competitivo
eu não quero ser um executivo
eu não quero ser um gajo normal

Eu não quero morrer de tédio...

www.myspace.com/manacalorica

António Pedro Ribeiro-voz
Rui Costa- guitarra
André Guerra-guitarra

A GRANDE DESILUSÃO

A GRANDE DESILUSÃO
António Pedro Ribeiro

Quase dez anos após a sua fundação o Bloco de Esquerda constitui uma grande desilusão. A aliança com o PS na Câmara de Lisboa indicia o desejo de entendimento com José Sócrates em 2009. O abandono das bandeiras revolucionárias da UDP e do PSR em detrimento de um pretenso partido da ética que aponta o dedo a tudo e a todos como se não tivesse os seus telhados de vidro (Câmara de Salvaterra de Magos e outros) faz corar de vergonha alguns dos seus fundadores.
O Bloco já nada tem de anti-capitalista, é um partido reformista que apenas pretende reformar o capitalismo, mais um partido social-democrata que esquece a rua centrado no Parlamento. O Bloco é um partido de poder que aspira a alianças governamentais com o PS. O Bloco é uma desilusão para todos os revolucionários.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

BENJAMIN PÉRET


Piscada
(Benjamin Peret - Editions Surrealistes-Paris: 1936)

Bandos de papagaios atravessam minha cabeça
Quando te vejo de perfil
E o céu de banha estria-se de relâmpagos azuis
Que traçam teu nome em todos os sentidos
Rosa penteada de tribo negra perdida numa escada
Onde os seios agudos das mulheres olham pelos olhos dos homens
Hoje eu olho pelos teus cabelos
Rosa de opala da manhã
E desperto pelos teus olhos
Rosa de armadura
E penso pelos teus seios de explosão
Rosa de lagoa esverdeada pelas rãs
E durmo no teu umbigo de mar Caspio
Rosa de rosa do mato durante a greve geral
E me perco entre teus ombros de via lactea fecundada por cometas
Rosa de jasmim na noite da lavagem dos linhos
Rosa de casa assombrada
Rosa de floresta negra inundada de seios azuis e verdes
Rosa de papagaio-de-papel sobre um terreno baldio onde brigam crianças
Rosa de fumaça de charuto
Rosa de espuma de mar feita cristal
Rosa

sábado, 2 de fevereiro de 2008

AI PRIMEIRO, PRIMEIRO

Sócrates acumulou subsídio de exclusividade como deputado com funções privadas
O ex-deputado José Sócrates recebeu indevidamente um subsídio de exclusividade da Assembleia da República, entre finais de 1988 e princípios de 1992, por acumular as suas funções parlamentares com a actividade profissional de engenheiro técnico, enquanto projectista e como responsável pelo alvará de uma empresa de construção civil. Sócrates nega que tal tenha acontecido, mas diversos documentos por ele assinados confirmam a violação do regime legal de dedicação exclusiva.
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Sócrates desmente acumulação de subsídio de exclusividade como deputado com funções privadas
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Carta de José Sócrates ao PÚBLICO
Editorial: Jornalismo e política, ética e lei

in PÚBLICO

MUDANÇA DE GERÊNCIA


O café mudou de gerência
já simpatizava com a gerência anterior
os cafés estão sempre a mudar de gerência
salvo raras excepções

A menina da gerência anterior vem ao café
não é nenhuma brasa
mas é muito simpática
e tem sentido de humor
é pena que os cafés tenham de mudar de gerência.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O HOMEM QUE FICA


De novo sem palavras
os velhos atropelam-se à porta
e eu sou o homem que fica
no café deserto
a chuva lá fora
e eu bebo cerveja
e conto os trocos
a ver se dá para mais uma
e dá
então fico
a loira entra
e pede o "Diário de Notícias"
e a TV passa os "Morangos com Açucar"
e eu ensaio no coreto
com o Henrique guitarrista
os homens falam de cinema comercial
a caminho do Carnaval
a Katiucha vem
e tu morreste,
meu bom amigo

o gerente queixa-se
dos títulos dos jornais
o umbigo à mostra
15 para as 8
e até nunca mais.

Vila do Conde, Bom Pastor, 1.2.2008