quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O POETA É LOUCO


O poeta é louco
e a TV dispara hipocrisias
o poeta é louco
e naufraga no café a meio da tarde
o poeta é louco
e vocifera contra os cidadãos de sucesso
o poeta é louco
e cai na ribanceira
o poeta é louco
e está longe da menina
o poeta é louco
e a vida é um tédio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CASA VIVA


From: Projecto Casa-Viva viva a casa < casaviva167@gmail.com >
Date: Oct 28, 2007 11:44 PM
Subject: CONVITE
To:


CONVITE

Para contrariarmos a esperteza da raposa no galinheiro e não ficarmos cada um a seu canto a esgravatar terra


Às vezes acorda-se sorridente, bem disposto, radioso. Noutras manhãs, tudo é cinzento, triste, irritante. A malta da CasaViva também experimenta estes dois acordares e toda a variedade de outros amanheceres que estão entre um extremo e o outro. Mas incomodamos-nos sempre. Todos os dias.

Sempre que paramos este permanente bulir que nos ensinaram que é o verdadeiro viver. Nesses momentos, ficamos frequentemente cabreados. Existiriam, decerto, formas mais eruditas de colocar a questão, mas o que está dito dito está e pareceu-nos mais simples fazer este acrescento do que procurar um sinónimo para uma palavra cuja abrangência de conteúdo só é permitida por ter a sua origem na sabedoria popular.


Chateia-nos viver num planeta com tanto para partilhar e que apenas é explorado em proveito da espécie dominante, tornando a usurpação e o abuso nos conceitos por onde se começa a definição de ser humano.

Aborrece-nos que nos tomem por parvos quando nos tiram direitos e nos dizem que é para nosso bem, como se os direitos que nos tiram se evaporassem e não fossem, como dizia Lavoisier, apenas transformados em direitos de outros.

Apoquenta-nos que nos controlem, nos vigiem, nos fichem, nos transformem em conteúdos de bases de dados, nos gravem, nos chantageiem, nos cortem o direito a contestar, nos façam a todos bufos e polícias.

Indigna-nos que tudo seja mercadoria. Negociável, transaccionável, passível de ser transformado em lucro.

Não pode ser.

O capitalismo, já todos o sabemos, é apenas esta liberdade da raposa no galinheiro. Também não é segredo que a força do predador aumenta na proporção directa da desunião entre as presas. No entanto, mesmo possuindo o diagnóstico, nunca tratamos da maleita. E a responsabilidade de tentar a aproximação entre todos os que acreditam numa mudança organizacional radical é nossa, dos suficientemente vivos para darem umas bicadas na besta, de forma a que, de dispersas e curáveis, se tornem mais eficazes, provoquem gangrenas e acelerem a morte do carcereiro. De outro modo, continuaremos cada um no seu canto, a esgravatar terra como quem se deixa paralisar pelo medo, e a sair esporadicamente, aplicar uma bicada e recolher.

Já houve várias tentativas de união de esforços. Redundaram quase sempre em grandes exercícios de retórica sobre a maior validade da minha forma de luta em relação à tua. Na melhor das hipóteses, acabaram numa lista electrónica de discussão também electrónica que se foi silenciando com o tempo.

Mas a desistência não pode fazer parte do vocabulário de nenhum de nós. Se a coisa não tem funcionado, talvez seja hora de procurar métodos diferentes para a fazer progredir. E, a nós, parece-nos que não é na conversa formal que a união verdadeira cresce. É nas acções que nos sentimos mais próximos. É em ambientes mais descontraídos que nos sentimos mais preparados para falar uns com os outros. É na rua e na festa que se criam laços e se constroem afinidades, onde se forjam verdadeiras redes de interesses e participação.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

PARABÉNS, VALTER

Valter Hugo Mãe venceu Prémio Literário José Saramago 2007

O poeta e editor Valter Hugo Mãe venceu hoje a edição de 2007 do Prémio Literário José Saramago com a obra “O Remorso de Baltazar Serapião”.

O POETA DO VALE


O poeta Do Vale ri sarcasticamente
no "Piolho" e contagia
os que o rodeiam
a menina é bonita
e veste de azul

O poeta Do Vale recoloca
os óculos de sol
a menina é bonita
e vem ao fim da tarde

O poeta Do Vale canta
a menina é bonita
e traz a palavra.

Porto, Piolho, 25. Out. 2007

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Poema último


O meu cérebro
a fugir
pelo quarto

e eu,
apavorado,
a correr
atrás dele.

A. Pedro Ribeiro, "Saloon" (Edições Mortas, 2007).

CHAMA O XAMÃ


Na montanha, no deserto, no tribunal
chama, chama, chama o xamã
na multidão, no bordel, no bacanal
chama, chama, chama o xamã
no rock, no punk, no carnaval
chama, chama, chama o xamã
no México, na América, em Portugal
chama, chama, chama o xamã
na alegria, na festa, no ritual
chama, chama, chama o xamã
na vida, na morte, na redenção
chama, chama, chama o xamã
e ela vem de azul.

"Padeirinha", 1.4. 2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A SAUDAÇÃO TRIUNFAL DO GERENTE

O gerente do café saúda-me calorosamente
e tudo se ergue triunfal à minha volta
os vidros estalam as cadeiras rangem
os empregados de mesa
fazem malabarismos com as bandejas

o gerente do café saúda-me
faz trocadilhos com as minhas barbas
e o mundo renasce
num copo de cerveja.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

SALOON


Segundo apontamento biobibliográfico reproduzido na sua mais recente recolha poética, A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Pode tratar-se de falsificação biográfica, mas não deixaria de ser congruente com a atitude do autor ter este nascido na data que marca as agitações revolucionárias francesas no período do governo de Charles de Gaulle. De facto, a poesia de A. Pedro Ribeiro ecoa, desses tempos, certos gestos e atitudes que, sem grande esforço, conseguimos entrosar na encruzilhada das esferas social e política. Saloon, o seu quinto título publicado, depois de Gritos. Murmúrios (1988), À Mesa do Homem Só. Estórias (2001), Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll (2004) e Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro (2006), compõe-se de elementos onde nessa encruzilhada cabe ainda uma outra esfera, muito mais subjectiva, onde reconhecemos um erotismo de pendor lascivo e a ameaça permanente de uma loucura com contornos tão íntimos quão sociais. De resto, sendo o autor licenciado em sociologia, não admira que seja o corpo social, nomeadamente urbano, aquele que mais se reflecte nestes poemas. Saloon, como nos westerns antigos, é apenas o ponto de encontro, muitas vezes o cruzamento onde os acidentes acontecem, dessas esferas, aqui disparadas umas contra as outras, em versos que lembram a arte de grafitar. Frases curtas, incisivas, raramente dão lugar, nesta poesia, a outra coisa que não seja o grito, o berro, a vontade de partir pedra, de atirar certeiro contra uma paisagem devastadora e repugnantemente adúltera. Essa paisagem é a paisagem de um tempo, de uma sociedade, de um país, percorrido nos seus casebres de Vilar de Mouros a Braga, do Porto a Castro Daire, de Vila do conde ao Gerês, da Póvoa a Lagos. Por estes lugares, o poeta vai deixando um rastro de pó, facilmente reconhecível, aqui e acolá, nas evocações dos saloons do nosso tempo, ou seja, dos cafés e das esplanadas, mas também na invocação de personagens, que tanto podem ser o revisor da CP no poema que dá título ao livro, as mulheres que se cruzam com o salteador como a gente anónima de todos os dias: «A noite morre / Mas ainda há gente que ri / gente que se cruza e encontra e desencontra / E freaks a entoar cânticos futebolísticos» (p. 27). O Luso e o Piolho, históricos pontos de encontro na vida nocturna portuense, são apenas dois exemplos dos balcões onde foram bebidos e vomitados alguns dos versos desta colectânea de A. Pedro Ribeiro. É pois esta uma poesia nocturna, da rua, da deambulação, que não enjeita a gíria comum - «em cascos de rolha» (p. 9), «fechas-te em copas» (p. 35) – e o chavão popular - «meio mundo fode outro meio» (p. 12) – na sua réproba demanda. A ideia de poema como anátema talvez não seja descabida de todo para uma possível caracterização desta poesia, conquanto o anátema seja aqui entendido no plano de tal subjectividade que há pouco evocava. As palavras de ordem, o ímpeto político, sofrem no nosso tempo o isolamento das testemunhas. O poeta, em posição voyeurista, acaba transformando-se num mero observador, acusador, denunciante, de um mundo do qual se sente deslocado, no qual se sente desintegrado. A loucura, seja ela consequência do que for, é já solução para essa desintegração, como solução parecem ser os paraísos artificiais de que falavam Thomas de Quincey e Baudelaire. “Cicatrizar as angústias que induzem o espírito à rebelião”, parece ser também um fim último destes poemas arrumados sob o título Saloon, um título que anuncia a entrada num universo delirante, alucinatório, esquizofrénico, como era o universo dos saloons do Old West. É o nosso universo, não é outro, é o universo que todos poderão constatar caso queiram assumir os olhos do poeta, caso queriam arriscar a loucura, o delírio, que é o de estar do outro lado da barricada, do lado oposto àquele onde a esquizofrenia acontece como uma valor que se promove e dissemina sem que alguém se dê conta:

OCEANO

No café “Oceano”
os pensionistas protestam contra
os fracos aumentos das pensões
decretados pelo Governo
mas misturam o tema
com a toxicodependência
e com a pedofilia na Casa Pia

Definitivamente os pensionistas
Não constituem uma classe revolucionária.

Lagos, “Oceano”, dez. 2003.

A. Pedro Ribeiro, Saloon, Edições Mortas, 2007 (?).

in http://antologiadoesquecimento.blogspot.com

sábado, 20 de outubro de 2007

TRATADO REFORMADOR

O primeiro-ministro saiu vitorioso da cimeira. O primeiro-ministro teve um ataque de ciumeira à saída da cimeira. O primeiro-ministro apanhou uma bebedeira à saída da cimeira. O primeiro-ministro teve um ataque de caganeira à saída da cimeira.
Os 27 assinaram o Tratado. O Tratado foi assassinado à porta do hipermercado. Os 27 foram alvejados 27 vezes. Os 27 e o Tratado foram ao circo. Os 27 e o Tratado tiveram um ataque de caganeira.

AS BACANTES E O AMOR LOUCO


AS BACANTES E O AMOR LOUCO

António Pedro Ribeiro

"Não fazemos mais do que amar a terra e, através da mulher, a terra retribui esse amor amando-nos", escreveu o fundador do movimento surrealista, André Breton. E, de facto, ao amarmos a terra amamos também a mulher, porque a mulher está muito mais próxima da terra, da natureza, do "Uno Primordial" do que o homem. E não é só a questão da maternidade a marcar a diferença. Basta observar os cabelos, os gritos e o riso das mulheres: são muito mais loucos, mais primitivos, mais selvagens, mais libertos. F. Nietzsche ("Para Além do Bem e do Mal") descreve magistralmente as mulheres: "o que na mulher inspira o respeito e, com frequência, o receio é a sua natureza mais natural do que a do homem, a sua leveza felina e astuta, a sua garra de tigre-fêmea, sob a luva de veludo, a ingenuidade do seu egoísmo, a sua irredutibilidade e a sua selvajaria intrínseca, o carácter incompreensível, desmesurado e volúvel dos seus desejos e virtudes". E Breton acrescenta em "O Amor Louco": "A dama de espadas é mais bela que a dama de copas".
Apesar de a sociedade mercantilista de hoje nos arrastar para o calculismo, para o cinismo, para a competição, para a eficácia, para a submissão, continuam a existir comportamentos predominantemente instintivos e intuitivos nas mulheres (ou, pelo menos, na maioria delas) que para nós, homens, parecem incompreensíveis mas que, ao mesmo tempo, nos fascinam e enfeitiçam. Só alguns homens- os artistas/criadores dionisíacos e os xamãs/feiticeiros índios conseguem ser instintivos, "irracionais" e primitivos como as mulheres e os animais. Aliás, é essa a sua benção e a sua tragédia. O próprio Dionisos se fazia passar por mulher para atrair as mulheres da cidade para a montanha, onde se convertiam em Bacantes que bebiam, dançavam, cantavam e dançavam e celebravam o deus do prazer e da embriaguez. Há muitos pontos de contacto entre os bacanais, os rituais xamânicos e alguns concertos rock dos nossos dias. Há uma atmosfera de celebração, de transe, de ritual mítico e primitivo comum às preces das bacantes, ao transe desmesurado do xamã que entra em contacto com os deuses e com os espíritos e ao vocalista/"frontman"/actor/ animal de palco que veste a pele do xamã e do próprio Dionisos- Jim Morrison, Robert Plant, Ian Curtis, Mick Jagger, Iggy Pop, David Bowie, Peter Murphy, são alguns dos melhores exemplos. Essa postura libertária/libertina pressupõe a ultrapassagem dos limites e da moral dominante, numa viagem que vai até à loucura e sempre que surge, através dos séculos, incomoda os poderes vigente que tentam, a todo o custo, afastá-la do cidadão comum ou abafá-la, o que já tem conseguido, mas nunca totalmente, já que a tensão dionisíaca e o "uno primordial" são intemporais e acabam sempre por libertar-se graças a algumas almas livres e malditas e às novas bacantes que despontam.
Para os filhos de Dionisos e para as mulheres não reprimidas, a liberdade e o amor só podem ser loucos. É por isso que Breton proclama: "Desejo-vos que sejais loucamente amada!" ("O Amor louco"). Léo Ferré acrescenta: "o amor é um dos aspectos que a divindade assume...tal como a música!" e Bizet, na sua "Carmen" corrobora: "O amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar". Os grandes poetas: Homero, Shakespeare, Camões, Nietzsche, Sófocles, Rimbaud, Baudelaire, Breton, Walt Whitman, William Blake, John Milton, Holderlin, Artaud, Aragon, Sade, Cesariny, Herberto Hélder, Pessoa, Mário de Sá-Carneiro- têm de ser também magos e, portanto, loucos, naturais e primitivos, daí que se sintam mais próximos das mulheres.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

UM SER SEM CHAMA

Um ser sem chama
bebe ao balcão
um ser sem chama
regressa a si próprio
um ser sem chama
recorda o amigo suicida
um ser sem chama
vale qualquer coisa
um ser sem chama
fica na cama
um ser sem chama
já não engana.

sábado, 13 de outubro de 2007

PAREDES DE COURA 2006


PAREDES DE COURA (FODIDO DOS CORNOS)

As caras olham-te
E sentes-te em cima
As caras olham-te
E sentes-te em baixo
Os boatos correm
Foges das caras
Partes vidros
Intriga assassina
Ai! A minha vida

Os poetas malditos amam-te
Os outros ignoram-te
Dão cabo de ti
A mulher que amas
Fugiu para a Venezuela
Os polícias vigiam-te
Cospem na tua literatura
As outras adoram-na
Mas não te entendem

Chamam-te palhaço e não fazes caso
Dizem que o teu mestre era um bebedolas
Em Atenas
E não fazes caso
Dizem que és um desordeiro um alcoólico
E pedem-te “Borboletas”
Dizem que a tua mulher só te quer
Porque agora és uma estrela
O gerente persegue-te obcecado pelas tuas dívidas
Mas tu não dás troco
És realmente uma estrela mas continuas teso
Os vidreiros atrás de ti
E continuas teso

Defendes os guerrilheiros da Colômbia
E chamam-te canalha
Defendes os teus ideais e dão-te porrada
Apresentas o teu livro e dão-te patadas
Julgas-te o maior, dizes patacoadas
E cais bêbado na esquina
Vais ter com o caos e não sacas nada
Vais fornicar ao cais e espetam-te a faca
Vais à procura da luz e só encontras merda
Estás com alucinações e és alvo de chacota
Deves o cacau e apertam-te o cerco
És um animal de palco
E não consegues sair do transe
És uma puta do rock
E sobes aos céus até cair até à veia
Nunca mais vais saber se a plateia
Te ama ou te odeia

Ouves os aplausos
Mas estás fechado em casa
E as mulheres só aparecem
Quando andas agarrado à cena
Amam-te e armam-te ciladas
Provocam-te fazem-te enlouquecer no hotel
Com os orgasmos da gaja do quarto de cima
Depois acusam-te de tráfico de droga
Não sabes onde estás
Com quem estás
Onde vais
E escreves coisas supostamente geniais
Para agradar à populaça

Queres mulheres e elas não vêm
Queres mulheres e elas fogem
Do whisky, da maldição, da subversão,
Da vida que queres
Queres mulheres e elas caem
Querem filhos, casamentos, rotinas, obrigações
Queres mulheres e já não queres
Porque estás para lá
E andas fodido dos cornos
E só te apetece beber mais.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

CHE GUEVARA

Vale milhões de vezes mais a vida de um único ser humano do que todas as propriedades do homem mais rico da terra.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007


O NOME NOS JORNAIS

Tenho o nome nos jornais
Mas continuo teso
As meninas olham para a cara
Mas rejeitam a barriga
As meninas olham para a cara
E confundem-me com os amigos

Os clientes grunhem

As meninas não entendem os meus escritos
E deixam-me só, de copo na mão,
Apesar de serem muito simpáticas
E de estarem sempre a carimbar cartões

As meninas, afinal, gostam dos meus escritos
E sorriem para mim
Apesar disso, continuo teso.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

HASTA LA VICTORIA, SIEMPRE!

EL CHE VIVE!

António Pedro Ribeiro

40 anos depois da sua morte Ernesto Che Guevara continua a ser um exemplo de coragem, generosidade e de entrega de uma vida à luta contra o capitalismo e o imperialismo. O seu rosto continua a percorrer manifestações no mundo inteiro, sobretudo na América Latina.
O exemplo do Che perdura até hoje porque o guerrilheiro argentino representa o ideal do revolucionário que não se rendeu aos encantos do poder preferindo prosseguir com a revolução noutras paragens. Che é ainda, mau grado os erros que cometeu, um caso extraordinário de fidelidade às suas convicções que se foram afastando dos faróis de Moscovo e de Pequim. Urge criar dois, três, muitos Vietnames- proclamou, vincando o seu internacionalismo.
Nestes tempos onde o homem é reduzido à condição de mercadoria que se compra e vende no mercado global, onde parece que somos forçados a escolher entre o capitalismo de guerra e o fanatismo religioso, onde o tédio e a podridão tomam conta das relações humanas, Guevara emerge como símbolo de humanismo e resistência.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

ERNESTO CHE GUEVARA


"O capitalismo é o genocida mais respeitado do mundo."

"Há que endurecer sem nunca perder a ternura".

Ernesto Che Guevara, morto há 40 anos na Bolívia.

domingo, 7 de outubro de 2007

SÓCRATES TECNOLÓGICO

Sócrates insultado por manifestantes no lançamento de plataforma tecnológica

O primeiro-ministro, José Sócrates, foi hoje surpreendido por uma manifestação de uma centena de trabalhadores, em Montemor-o-Velho, quando lançava uma plataforma tecnológica na área das energias associadas ao hidrogénio, num investimento de 69 milhões de euros que inclui a construção de uma fábrica e de um centro de investigação.
Jerónimo de Sousa diz que se protestos fossem só de comunistas teria maioria absoluta

sábado, 6 de outubro de 2007

AOS MEUS VERSOS

Aqui estou
de novo
reduzido
aos meus versos

não há ensaios nem palco nem adrenalina
já me desabituei a conversar com as mulheres
e os amigos, se existem, estão longe

sem ilusões
sem vaidades
sem nada de concreto
entregue
aos meus versos.

Arrasto-me de café em café
cafés que vão mudando de gerência
ao sabor da boazona que chega
e me faz consumir.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

DA CARLA BENTO

Os meus sonhos são em espirais.
É um grande lago ondulante a minha alma. constrói um universo alado surrealista
com peixinhos azuis, castelos na areia de um planeta dunar .... uma dimensao
marada, alterada. Paralela. Desfragmentada. choque eléctrico mental. flash.
acordo . manipulação da realidade. Penso no carrossel mágico que aparece na
minha terra. a roda rodopia rodopia. Faz-me rir e o imaginarium é construído e
aparece num cartaz underground como uma cidade flutuante. Tonalidade: azul
eléctrico !

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

FUTEBOL-DADA

FUTEBOL-DADA

O futebol dá de comer a 10 milhões de portugueses
O futebol comeu os portugueses
O futebol e os portugueses comeram-se

A velha comeu o interruptor
O interruptor interrompeu a refeição da velha no estádio do dragão
O dragão, a mando do interruptor, perseguiu 10 milhões de portugueses
A velha mordeu o futebol na orelha
Os portugueses bateram palmas na televisão
Os portugueses, o dragão e o interruptor jogam no euromilhões
A cabeça da velha foi atacada por milhões de formigas
As formigas vão ao futebol e aparecem na televisão
A televisão, o futebol e as formigas costumam passear ao domingo
O domingo assassinou o dragão em directo na televisão
O cavaco seduziu os portugueses e aderiu ao dadaísmo
Dada e o futebol colaram o cavaco ao interruptor
O televisor anda com dores intestinais
O futebol dá de comer.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

THE KING IS NOT DEAD


THE KING IS NOT DEAD

Sou do rock
Danço na pista
Assim vai o artista
Que se gasta na asneira

É a vida que provoca
Ao encontro de Baco
Festa queda bebedeira

Sou o que sou
Sou o que quero
Cabelos ao sol
Abertos libertos
Sem falsas virtudes
Nem damas castas

Quem viu a morte
Nada tem
Nada teme
Só a palavra
A dança a guitarra

Há um ser em mim
Que vai até ao fim

O poeta só o é
Perante o sangue
O sangue na guelra
Homem em guerra
Narciso em busca da dama
Que nos trama
Mesmo quando ama

O poeta só o é
Se anda pela Sé
E enfrenta a rua
A fera a noitada
E o resto
É conversa fiada

O poeta só o é
No “Barco Bêbado”
Ao leme
À porta do Hades
Ou dentro da mulher que ama

O poeta é aquele que quer
O resto são pombinhas da Catrina
Boatos de gente desfigurada

O poeta só o é
Quando canta
E diz a palavra
O poeta só o é
Quando ergue a espada
Artur
“Excalibur”
Minha amada.


Vilar do Pinheiro, “Motina”, 29.3.07