quarta-feira, 23 de novembro de 2005

do verao

O POETA LIBERTINO PASSEIA-SE POR BRAGA

Os pelos do nariz entram na "Brasileira"
e leem Eça de Queiroz
as mamas discutem teatro
as mulheres bonitas sao verdes
as sapatarias devoram meninas virgens crucificadas

a tripar pelas arcadas
as mini-saias ja nao se passeiam pelo "Astoria"
assassinado pela merda hibrida
viva a velha "Brasileira" que se mantem no sitio!
e os empregados rabugentos
e os clientes petrificados
a ve-las passar

Escandalo!
aumenta a prostituiçao na cidade
a Junta de Freguesia de S. Vitor e a policia
coligaram-se para combater o flagelo
as meninas perdem-se no mundo dos saldos
nas traseiras do Hospital de S. Marcos
Marcos e Zapata a conspirar
desfile de guerrilheiros na Avenida da Liberdade
nas barbas do Papa e do Arcebispo Primaz
Um doido para a mudança!
um doido sem vereadores
um doido que escreve a mesa da loucura
que se ridiculariza a si proprio e ao mundo
que escuta a conversa dos anciaos
E bom morrer em Braga- diz o cartaz
talvez por isso eu esteja aqui
a morrer e a renascer varias vezes
na "Brasileira" a mesa dos papeis
e o blog que nao bloga
e a clientela que envelhece
ando com falta de speed na tola
ao balcao os empregados conferenciam
sobre o tempo que faz e os tempos que passam
Estou doido e nao sirvo para o mundo!
estou doido e crio mundos
estou doido e assim quero ficar
Morte ao mundo e aos seus criadores!
morte ao poeta e aos seus tumores!
Ela comprou um jaguar- diz o anciao
ela comprou um aviao- diz o caviar
ela perdeu o telemovel
e morreu ao terceiro dia.
Ela...
na minha cidade
parece um tanto ou quanto surrealista.

A.PEDRO RIBEIRO, BRAGA, "A BRASILEIRA", 18.8.2005

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